Família

Síndrome do Ninho Vazio: é hora de recomeçar

A casa já não é mais a mesma. O silêncio agora ocupa o barulho que antes tomava os corredores. A algazarra infantil diária deu espaço à visitas adultas esporádicas, almoços dominicais e outros encontros programados. Os filhos cresceram e as mães se deparam com uma nova vida. Contudo, aquelas que se dedicaram primordialmente ao cuidado com a prole podem acabar com um sentimento profundo de tristeza ao imergirem nessa nova etapa existencial. O nível de sofrimento, porém, pode variar de pessoa para pessoa.
Para definir os sentimentos de quem enfrenta essa situação, os psicólogos têm um termo: Síndrome do Ninho Vazio (SNV). “É uma fase em que as mães, os pais, vão passar, é inevitável, porque os filhos, teoricamente, a gente cria para o mundo”, diz a psicóloga Ana Sorema Sales. “É uma fase que pode ser muito tranquila, como pode ser de muito desconforto, porque normalmente é uma fase associada à solidão, à tristeza. Já tem muitos estudos que apontam que depois da saída dos filhos de casa, alguns pais, algumas mães, chegam a entrar em depressão, porque viveram uma vida inteira pelos filhos”, acrescenta.

Como a nomenclatura sugere, a SNV se refere a essa sensação melancólica que pode acometer as mães de filhos que cresceram e saíram do “ninho”. A psicóloga recomenda atenção ao processo relativo a essa fase. “O que acontece? Quando chega esse momento de os filhos criarem uma autonomia, saírem de casa, dá essa primeira sensação de vazio. Literalmente a casa fica ali… O quarto já não vai ter mais um ocupante, muitos pais acabam deixando de ter suas funções de cuidador, de proteção para aquela pessoa que está saindo de casa”, informa.

O primeiro passo a ser dado por quem está sentindo na pele as dores do ninho vazio, de acordo com a profissional, é buscar acompanhamento especializado. “A primeira orientação é procurar uma terapia, porque através da terapia você vai se conhecer. Muitos pais e mães acabam se perdendo ao longo da maternidade e paternidade. A terapia é uma forma de se encontrar novamente, através do processo terapêutico esse pai ou essa mãe acabam se encontrando novamente. Viver em função dos filhos não é fácil, é uma profissão, né, muito séria, então precisa ter esse retorno para si”, comenta. 

Além disso, a psicóloga recomenda também atividade física e, se possível, o estreitamento de laços com outras pessoas que estejam na mesma fase da vida, enfrentando o mesmo tipo de situação. Resgatar dentro de si sonhos e vontades de outros tempos é também um outro conselho da profissional. “Muitos pais que já atendi, quando os filhos vão para a faculdade, eles pensam ‘vou retormar uma faculade que não fiz, um curso de fotografia, esse é o momento’. Nunca é tarde para se reencontrar”, afirma. Desatar nós e se permitir a própria vida é possível. Vamos lá?

Redatora: Maíra Valério
Colaboradora: Ana Sorema Sales – psicóloga
Instagram: @anasoremapsicologa