Carreira

Maitê Proença: uma mulher de muitos talentos

Aos 67 anos completados hoje, 28 de janeiro, a atriz fala sem medo sobre envelhecimento, solidão e temas mais polêmicos. Longe das novelas desde 2016, Maitê segue ativa no teatro e redes sociais
A beleza de Maitê Proença é incontestável, mas não é o que a define. Dona de uma inteligência aguçada e um espírito livre, ela não tem medo de se arriscar, nem de dar sua opinião sobre temas mais controversos. Aos 67 anos completados hoje, dia 28 de janeiro, a artista continua exuberante e ativa. O segredo? Cuidar do corpo sem exageros e exercitar a mente. 

“Os anos passam e o corpo sente. Em vez de me entregar às dores e mazelas, eu me exercito, faço respirações que elevam o humor, medito, me alimento muito bem e faço concessões quando o grau de prazer justifica o deslize, digo não quando acho bobagem ou perda de tempo, e sigo um dia após o outro”, revela.

A literatura é a maneira que encontrou para lidar com suas vivências e tragédias pessoais. Seus livros “Uma Vida Inventada” e “O Pior de Mim” revisitam sua trajetória e dramas, como o assassinato da mãe e o suicídio do pai, mas sem autopiedade – coisa que Maitê detesta. “Que diferença isso faz no mundo?”, indaga. Já o teatro é onde ela canaliza suas opiniões e emoções.
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Em cartaz no Teatro Faap, a peça “Duas Irmãs & Um Casamento” retrata o reencontro de duas irmãs na faixa dos 60 anos para organizar um casamento, trazendo à tona questões familiares e sociais por meio da comédia. Maitê enfatiza que essa abordagem é especialmente importante em tempos desafiadores, quando o público lida com frustrações cotidianas em um mundo instável.

Nascida em São Paulo e criada em Campinas, a artista escolheu o Rio de Janeiro como sua casa, mesmo com a temporada na capital paulista. Um dos motivos é seu amor pela natureza, que ela considera abundante e encantadora na cidade maravilhosa. Mas o principal é porque sua família – filha, genro e netas – vive lá. “A vida é curta demais para a gente se apartar daqueles que mais ama”, diz.

Acostumada a grandes plateias e o grande sucesso de público da época em que atuava em novelas, Maitê diz que não é uma pessoa de multidões e que, cada vez mais, se entende bem sozinha. “Nas ocasiões em que sofri de solidão, não dei grande importância, porque de fato não tem. Há sempre um livro para ser escrito, uma casa para arrumar, uma música linda pra gente dançar e cantar”.
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Longe das novelas desde 2016, depois de uma trajetória que começou em 1979 na extinta TV Tupi e um ano depois já era protagonista na Globo, ela não cogita voltar. Além do teatro e dos livros, Maitê segue ativa nas redes sociais, onde fala sobre arte, feminismo, sustentabilidade, educação, política e o que mais vier à cabeça. Sem medir palavras, a artista deixou claro que, mesmo após o namoro de quase um ano, entre 2021 e 2022, com a cantora Adriana Calcanhoto, que prefere relações heterossexuais e não se considera bissexual, o que fez com que sofresse acusações de lesbofobia. Solteira desde então, ela tem preferido passar o tempo livre com a neta de 4 anos.

Enquanto Maitê faz fisioterapia, a pequena tem aulas de natação no mesmo lugar. Depois, elas seguem para uma programação com muitas artes em casa. “Gosto da parte manual, faço artesanalmente todos os produtos de limpeza de casa, são mais eco friendly, de material biodegradável. Se não fosse atriz e escritora, seria química”, confidencia. Quando não está trabalhando ou transformando embalagens em arte, Maitê lê bastante e escuta muito podcast.