Relacionamentos
Leitora pergunta: como superar uma superação estando com três filhos?
Em um relacionamento pautado em conflitos, desencontros, falta de comunicação, ausência de respeito, amizade e empatia e, sobretudo, no qual as necessidades emocionais não estão sendo supridas minimamente por ambas as partes, ocorre o que chamamos de “solidão acompanhada”, caracterizada por uma sensação de espaço vazio entre as duas pessoas do casal, por meio da desconexão emocional. Quando todas as estratégias possíveis para o casal foram utilizadas com o objetivo de um reencontro, mas sem surtirem efeito satisfatório, por vezes a melhor saída é uma tomada de decisão que engloba uma reestruturação de vida para a família como um todo. Nesse caso, a separação conjugal é uma das possibilidades.
Quando há filhos envolvidos, no entanto, é preciso que algumas medidas sejam tomadas em prol de minimizar os efeitos psicológicos e angustiantes que uma separação possui. Algumas dicas práticas que podem auxiliar nesse processo são:
- Evite ao máximo falar mal da outra parte da relação ou culpá-la pela separação. Lembre-se: uma relação conjugal é composta por duas pessoas, e o que não foi possível, provavelmente, foi a inter-relação e a combinação de crenças e padrões de cada parte.
- Converse com os filhos de forma verdadeira, empática e clara, tirando as dúvidas que eles possam trazer sobre toda a situação. Lembre-se de que as crianças sentem o ambiente e, muitas vezes, “sabem” o que está acontecendo, só não adquiriram ainda (a depender da idade) facilidade na expressão de seus sentimentos.
- Explique aos filhos que eles continuarão sendo cuidados por mãe e pai. Que ambos se separaram, mas não deles.
- Acolha sua dor e também a dos filhos. Aceite que ela, a dor, no período de adaptação, fará parte da vida e que isso não necessariamente é algo ruim, mas sim inevitável. Una-se com os filhos em prol de uma reconstrução de padrões familiares possíveis.
- Dialogue com a outra parte conjugal, na medida do possível, para definirem juntos o que será decidido em prol do bem-estar dos filhos.
- Procure não mexer muito na rotina. Isso causaria uma “mudança em cima de outra mudança”, o que pode gerar sensação de caos interno.
- Mude o visual, troque algumas peças de roupas (se possível), doe o que não usa, faxine armários e partes da casa. Busque novas formas. Busque o novo.
- Se for você a realizar a mudança do local de moradia, leve algo para o novo lar que te represente harmonia. Pode ser um objeto de sua preferência que remeta a algo novo para a casa nova.
- Busque sua rede de apoio nos amigos, familiares, local de trabalho, vizinhos e em todas as pessoas das quais você sente que pode receber acolhimento e compreensão.
- Reitere aos filhos, sempre que possível, que o amor está no meio de toda a situação. Traga segurança e proteção a si e a eles.
- Lembre-se de histórias semelhantes de outras pessoas, que foram escutadas ou conhecidas por você e como, após o período de adaptação, tudo foi para o seu devido lugar.
- Acredite em você e na vida.
Colaboradora: Paula de Menezes Karam, psicóloga clínica há mais de 20 anos, com títulos de especialista em terapia cognitivo comportamental e neuropsicologia, e também formada em terapia do esquema de Jeffrey Young. É fundadora e diretora executiva da clínica de psicologia Cognicom – especializada em terapia cognitivo comportamental –, composta por equipe de psicólogos e neuropsicólogos. CRP. 06/69866
Instagram: cognicomtcc
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