Família

Fertilização in vitro e a possível maternidade após os 40

O Bloom Club traz hoje artigo do médico ginecologista Pedro Monteleone sobre as possibilidades para mulheres que desejam ser mães após os 40, uma realidade cada vez mais comum nos dias atuais. Boa leitura!
À medida que a vida nos reserva novos capítulos e desafios, muitas mulheres encontram-se navegando em águas desconhecidas quando se trata da maternidade após os 40 anos. Seja por escolha pessoal, circunstâncias da vida ou simplesmente porque ainda não surgiu o momento certo, muitas mulheres têm adiado a maternidade. 

O processo de fertilização in vitro após os 40 anos pode parecer uma montanha-russa de emoções, repleta de desafios e esperanças renovadas, mas é também um caminho que exige coragem, paciência e uma dose generosa de autocompaixão. Ao embarcar, é natural que surjam muitas perguntas e preocupações, especialmente sobre as chances de gravidez, o risco de aborto e as possíveis alterações genéticas e malformações fetais.

As chances de concepção por meio da fertilização in vitro diminuem de forma significativa com a idade, devido à diminuição tanto da quantidade quanto da qualidade dos óvulos. No entanto, isso não significa que seja impossível. Muitas mulheres têm sucesso após os 40 anos, com a ajuda de técnicas avançadas de reprodução assistida e cuidados médicos especializados. É verdade que a associação da idade materna e a incidência de abortos espontâneos caminham juntas. Isso ocorre principalmente devido a anormalidades cromossômicas nos embriões, que aumentam com a idade da mulher. É uma realidade difícil de enfrentar, mas é fundamental estar preparada emocionalmente e contar com o apoio de profissionais de saúde e entes queridos.

Em relação às malformações fetais, estudos mostram que o risco pode aumentar com o avançar da idade da mulher, mas as taxas absolutas ainda são relativamente baixas. A avaliação rigorosa durante o pré-natal, incluindo exames como ultrassonografias detalhadas e testes genéticos, ajuda a detectar potenciais problemas precocemente, permitindo intervenções médicas quando necessário.

A opção pelo congelamento de óvulos aos 40 anos ou mais significa tomar o controle do seu futuro reprodutivo. É uma decisão que pode trazer conforto, permitindo que você siga seus objetivos pessoais e profissionais, ciente de que o sucesso do congelamento de óvulos está intimamente ligado à qualidade dos óvulos no momento da coleta, ou seja, sob o efeito da idade em relação a chance de sucesso. Muitas mulheres ainda têm óvulos saudáveis e viáveis mesmo após os 40 anos. 

Ser atendida por uma equipe médica experiente e receber aconselhamento especializado pode ajudá-la a entender melhor suas opções e a maximizar suas chances de sucesso. A decisão de congelar seus óvulos é um ato de planejamento para o futuro, não há um caminho certo ou errado, apenas o que ressoa com você e suas aspirações pessoais. Permita-se explorar todas as opções disponíveis e confie na sua capacidade de tomar decisões compatíveis com sua própria verdade.

Cuidar do seu bem-estar emocional durante esse processo pode ser desafiador. Encontrar apoio em grupos de apoio, compartilhar suas experiências com outras mulheres na mesma jornada e investir em práticas de autocuidado são maneiras valiosas de se fortalecer. Cada desafio e cada conquista fazem parte de uma história única e profundamente pessoal.

Mantenha a esperança, confie na sua equipe médica e, acima de tudo, confie em si mesma. Seja gentil consigo mesma e celebre sua resiliência e determinação. Caso seja necessário, o tratamento com óvulos doados pode ser uma opção positiva e emocionalmente tranquilizadora. A utilização de óvulos de qualidade de doadoras jovens, aumentam significativamente as chances de sucesso. Esta é uma decisão pessoal e única, e muitas mulheres encontram conforto e alegria ao escolher essa solução.
 

Dr. Pedro Monteleone,  

  • Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP
  • Residência em Ginecologia e Obstetrícia pela USP
  • Especialista em Reprodução Humana e Doutor pela Faculdade de Medicina da USP
  • Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia e de Reprodução Assistida pela FEBRASGO
  • Coordenador técnico do Centro de Reprodução Humana do Departamento de Ginecologia, do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP 

monteleone.med.br