Saúde
Diástase abdominal: o que é, por que acontece e como tratar
Por que a diástase aconteceA diástase é uma consequência natural do estiramento da linha alba, tecido fibroso que une os dois feixes do músculo reto abdominal. Durante a gravidez, o aumento do volume uterino e a ação de hormônios como relaxina e progesterona tornam essa faixa mais elástica para permitir o crescimento da barriga. Esse afastamento, em graus variados, é considerado fisiológico durante a gestação. O problema surge quando, após o parto, os músculos não retornam completamente à posição original.
Embora mais comum em mulheres que tiveram gestações múltiplas, bebês grandes ou ganho de peso elevado, a diástase também pode ocorrer em pessoas que nunca engravidaram, especialmente em casos de grande variação de peso, exercícios de alta carga sem estabilização adequada ou aumento crônico da pressão intra-abdominal (como em tosses persistentes ou constipação).
Como identificar a diástase
O sinal mais perceptível é um abdômen mais projetado, mesmo em pessoas com baixo percentual de gordura corporal. Em muitos casos, há também flacidez, sensação de fraqueza ou abaulamento na linha média quando a pessoa se senta ou levanta. Outros sintomas incluem:
• dor lombar ou pélvica, devido à instabilidade do core;
• dificuldade para fortalecer o abdômen, mesmo com treinos regulares;
• problemas posturais e sensação de “barriga estufada”.
O diagnóstico pode ser feito por um fisioterapeuta ou médico especializado em saúde pélvica, através de palpação clínica ou exames de imagem, como ultrassonografia que permite medir o grau de afastamento entre os músculos.
Tratamentos e abordagens possíveis
A boa notícia é que a diástase tem tratamento e o tipo de abordagem depende da gravidade e dos sintomas.
Nos casos leves e moderados (geralmente até 2 cm de afastamento), a fisioterapia pélvica e funcional é a primeira escolha. O tratamento envolve exercícios de fortalecimento do transverso do abdômen (músculo profundo que atua como uma “faixa natural” de sustentação) e reeducação postural global. Técnicas como biofeedback, pilates clínico e reabilitação uroginecológica ajudam a restaurar o tônus e a função muscular.
É importante destacar que nem todos os exercícios abdominais tradicionais são recomendados: movimentos que aumentam a pressão intra-abdominal, como “crunches” e pranchas mal executadas, podem agravar o afastamento. O acompanhamento profissional é essencial para personalizar o treino de reabilitação.
Nos casos mais acentuados (acima de 3 cm ou associados a hérnias), o tratamento cirúrgico é o mais eficaz. A plicatura dos retos abdominais, procedimento que aproxima novamente os músculos, pode ser feita isoladamente ou associada à abdominoplastia, especialmente quando há excesso de pele. Quando há hérnia umbilical ou epigástrica, o cirurgião também realiza a reparação da parede abdominal durante o mesmo ato cirúrgico.
Além da estética: impacto funcional
Mais do que uma questão estética, a diástase é uma condição funcional. A musculatura abdominal está diretamente relacionada à estabilidade da coluna, à função respiratória e ao controle do assoalho pélvico. Ignorar a diástase pode gerar consequências em cadeia, como dores crônicas, incontinência urinária e sobrecarga nas articulações lombares.
Prevenção e autocuidado
Embora nem sempre seja possível prevenir totalmente a diástase, alguns cuidados ajudam a minimizar o risco e favorecer a recuperação:
• Manter o ganho de peso dentro dos limites recomendados na gestação;
• Evitar esforços intensos ou levantamento de peso inadequado no pós-parto;
• Cuidar da postura, especialmente ao amamentar ou carregar o bebê;
• Fortalecer o core antes e depois da gestação, sob supervisão profissional;
• Adotar respiração funcional, integrando o diafragma e o assoalho pélvico;
• Buscar avaliação especializada, mesmo sem sintomas aparentes.
Cuidar do corpo é parte da maternidade
O corpo pós-parto carrega histórias e transformações. Reconhecer a diástase e tratá-la com atenção é também um ato de autocuidado. Procurar ajuda não é vaidade, mas consciência: compreender o próprio corpo é o primeiro passo para restaurar força, conforto e bem-estar.