Carreira
Dia do Empreendedorismo Feminino: Brasil tem 10 milhões de mulheres empreendedoras
No Brasil, as mulheres representam 34% dos negócios e já somam mais de 10 milhões de empreendedoras, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dados do Sebrae revelam que essas empresárias são, em média, mais escolarizadas que seus colegas homens e apresentam menor inadimplência, mas continuam a enfrentar taxas de juros mais altas.
Além disso, o desafio de equilibrar trabalho e responsabilidades domésticas ainda recai desproporcionalmente sobre elas, limitando o crescimento de seus empreendimentos. Neste cenário, Simone Salgado, empresária e autora do livro “Inteligência Emocional Feminina”, lembra que o empreendedorismo para as mulheres não é apenas uma questão de negócios, mas uma ferramenta de transformação social e pessoal.
"Eu vejo que hoje existe já um movimento de empoderamento feminino que é muito importante, mas o desenvolvimento da educação prática para empreender, é fundamental", afirma. "Empreender exige coragem, equilíbrio emocional e resiliência. As mulheres têm, sim, tudo o que é necessário para liderar e transformar o mercado, e esse reconhecimento precisa ser constante", ressalta Salgado, que incentiva as mulheres a enxergarem o empreendedorismo como um caminho para romper barreiras e conquistar independência.
Em meio a jornadas duplas e desiguais, as mulheres empreendedoras enfrentam desafios únicos. Ainda de acordo com o levantamento, elas gastam o dobro do tempo com tarefas domésticas em comparação aos homens e recebem menos apoio em suas iniciativas. Mariana Magon enfrenta essa realidade. Ela é fundadora da Marimá, uma marca de acessórios que nasceu em 2024 com um propósito claro: fortalecer a autoconfiança das mulheres.
"Ao contrário de muitos, o empreendedorismo não era um dos meus sonhos. Meu plano de carreira era crescer no mercado corporativo e me manter exclusivamente nele. Ao mesmo tempo, em 2023, eu decidi profissionalizar minhas redes sociais, que sempre foram bem movimentadas, e, em 2024, meu perfil cresceu muito", conta Magon.
A empresária começou a compartilhar sua rotina intensa no trabalho CLT como publicitária, enquanto cursava a pós-graduação em marketing de moda. Com isso atraiu inúmeros seguidores que se identificaram com ela.
A ideia de empreender surgiu enquanto Mariana lia o livro "A Moda Imita a Vida", de André Carvalhal, no caminho para o trabalho. "Eu me peguei pensando, tenho valores que estão ficando bem nítidos nas minhas redes sociais. Seria muito legal ter uma marca para tangibilizar isso", conta ela. Em apenas três meses, a Marimá ganhou forma, trazendo acessórios que refletem força e ambição feminina.
Fator gênero
Amanda Ramalho encontrou no empreendedorismo uma extensão de sua vocação como advogada. Desde cedo, percebeu que criar seu próprio escritório era a única maneira de exercer a advocacia da forma como acreditava. "Empreender é um estado de espírito", afirma Amanda, que já liderou iniciativas em diferentes setores, como governança condominial e comunicação.
Apesar das barreiras da desigualdade de gênero no mercado, a advogada acredita que a chave para o sucesso está no apoio familiar e em mentores que a ajudam a enxergar os desafios com clareza. Hoje, ela se inspira na responsabilidade de liderar e impactar vidas. "Minhas decisões não afetam apenas a mim, mas a outras pessoas. Essa consciência me dá forças para continuar", diz.
Ela aconselha as mulheres que desejam empreender: "Cerque-se de pessoas prósperas e generosas. Busque apoio em redes de mulheres fortes. E lembre-se, liderança pode ser feita com respeito, compaixão e amizade".
Laís Vila, fundadora da Nutrição Sem Fronteiras, transformou sua trajetória pessoal em uma missão: desafiar o status quo da nutrição e do ambiente corporativo. Mesmo vindo de uma família onde o empreendedorismo era visto com ceticismo, Laís sempre valorizou a liberdade. Durante sua formação em Oceanografia, conciliou os estudos com diversas iniciativas empreendedoras, como produção de eventos e vendas.
“O maior desafio no início foi vencer a mim mesma. Aprender a lidar com minhas emoções, procrastinação e medos foi fundamental para o sucesso”, conta. Hoje, Laís lidera com propósito e acredita que o papel do empreendedor é criar um ambiente onde todos ganhem. “O que mais me inspira é ver como estamos ajudando nutricionistas a oferecerem serviços mais acolhedores, enquanto mostramos que empresas podem crescer respeitando as pessoas”, declarou.
Educação em vendas
Flávia Concer sempre teve o empreendedorismo em seu DNA. Desde jovem, vendia produtos na escola e, mais tarde, encontrou sua paixão em liderar negócios. Após experiências no mercado corporativo, fundou, com seu marido, A Nova Escola de Vendas, que busca transformar vidas por meio da educação. O início como empreendedora não foi fácil. Flávia precisou aprender a transitar entre o operacional e o estratégico, enquanto definia a cultura da empresa e buscava soluções para os desafios.
Hoje, seu maior desafio é equilibrar demandas e focar no crescimento sustentável. “Meu propósito é ajudar as pessoas a terem uma vida mais próspera. É isso que me inspira a continuar todos os dias.” Para mulheres que desejam começar a empreender, Flávia destaca: “Você nunca estará 100% pronta, mas isso não deve te impedir. Fortaleça suas habilidades, delegue o que não domina e busque apoio. O importante é agir.”
Fonte: Fernanda Strickland / Correio Braziliense