Comecei a velejar tarde, depois de concluir a faculdade. Não vou mentir dizendo que foi fácil, mas tem sido sempre um grande prazer, pois é a comunhão da natureza com habilidades de técnica e liderança.
O esporte que pratico é a vela de oceano: veleiros grandes que têm a capacidade de levar equipes e, em geral, velejam na costa, ou seja, águas abertas do oceano.
Já fui campeã de duas semanas de Vela de Ilhabela (a maior competição de vela do Brasil) com equipes predominantemente femininas. Com estas equipes tive a oportunidade de ganhar vários campeonatos estaduais e algumas provas isoladas.
Velejando na Ilhabela.
Fui proprietária de vários veleiros: Motim (Aruba 28), Armação (Delta 32), Jazz (Malbec 36) e no momento do Bossa Nova, um Dufour 41.2 que, juntamente com um grande amigo, extremamente experiente em travessias e seu imediato, comprei na Europa e trouxe velejando para o Brasil em Nov/Dez 2022. Esta viagem foi uma lição espetacular de planejamento e navegação. Levamos 40 dias entre Lagos (Portugal) e Guarujá (São Paulo), com paradas nas Ilhas Canárias e no Cabo Verde. Além da navegação vim cozinhando o tempo todo, pois sou uma pessoa que preciso de rotinas e muitas atividades por todo o dia!
Também já tive a oportunidade de fazer parte de equipes onde eu fui a única mulher a bordo, no veleiro Montecristo, onde fomos campeões de várias regatas importantes, inclusive da última edição da regata Recife-Noronha (out/23).
(Crédito para Aline Bassi – Balaio de Ideias) – Valéria no leme.
Comandar e ser comandada são experiências que nos engrandecem muito e são complementares. A vela de oceano ainda é um esporte que tem poucas mulheres, porém nada nos impede de ter êxito e muita realização.
É um esporte onde a diversidade a bordo só traz vantagens e pode mesmo ser determinante para os melhores resultados. Convido a todas a terem esta experiência!
“Já foi o tempo em que mulher só participava da vida náutica emprestando o nome para batizar o barco do marido”