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A Nova Mulher de 40: Liberdade, Energia e Sororidade

Patrícia Rosado reflete sobre padrões antiquados, julgamentos e o direito de sermos livres para sermos quem quisermos ser 
Aos 40 anos, muitas mulheres estão descobrindo uma nova fase da vida: cheia de energia, autoconhecimento e vontade de aproveitar cada instante. No entanto, ainda enfrentam julgamentos que parecem querer aprisioná-las em estereótipos ultrapassados. Afinal, por que uma mulher de 40 não pode gostar de balada, usar roupas joviais ou realizar sonhos que vão além do esperado por uma sociedade que insiste em ditar regras?

A verdade é que a mulher de 40, 50, 60 anos de hoje não é mais a mesma de décadas atrás. Ela é dona de si, vive de acordo com a sua cabeça e espírito, e não aceita ser limitada por padrões antiquados. É uma mulher que pode ser mãe, esposa, profissional dedicada, mas também alguém que ama dançar, viajar, curtir um festival ou simplesmente viver intensamente. E isso não deveria ser motivo de estranhamento, mas sim de admiração.

Um exemplo disso é meu sonho realizado em 2024 de ir ao Tomorrowland na Bélgica, um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo. A experiência, cheia de alegria e energia, foi marcada também pelo olhar julgador daqueles que ainda associam diversão e música eletrônica apenas aos jovens. Esse tipo de julgamento, muitas vezes silencioso, pesa ainda mais sobre as mulheres. Se ela escolhe usar uma roupa considerada "jovial", então, os olhares se tornam ainda mais incisivos. Mas por quê? Por que a sociedade ainda tem dificuldade em aceitar que a idade não define os gostos, o estilo ou a energia de uma pessoa? Afinal, no auge dos meus 47 anos tenho mais energia que muitas jovens de 20.

A resposta talvez esteja no medo do novo. A nova mulher de 40 desafia convenções e mostra que é possível ser feliz sem se encaixar nos moldes impostos. Essa liberdade interior é fruto de muito autoconhecimento e terapia — um processo que permite deixar para trás as amarras da opinião alheia. Como dizia Sartre, "o inferno são os outros". E esse "outro" é o olhar julgador que tenta impor limites a quem só quer viver plenamente. Então tá mais que na hora de nos libertarmos desse "inferno".

O caminho para mudar essa realidade passa por algo essencial: a sororidade. Precisamos nos apoiar como mulheres e abandonar o hábito de julgar umas às outras. Uma mulher feliz não quer guerra com ninguém; ela não se compara e não critica. Pelo contrário, ela celebra as conquistas alheias e inspira outras a viverem suas próprias jornadas.

Aos 40 anos — ou em qualquer idade — temos o direito de sermos livres para sermos quem quisermos ser. Seja em um jantar em família, em uma balada ou em um festival na Bélgica, o importante é viver de acordo com o que faz sentido para nós mesmas. Que possamos evoluir como sociedade e abraçar essa nova mulher cheia de vida e autenticidade.
Sejamos livres, sejamos felizes e sejamos unidas. Afinal, a vida só faz sentido quando vivida com intensidade e respeito mútuo.

PATRÍCIA ROSADO
Mãe do Lucas, de 2 gatos e uma cachorrinha, esposa do Felipe e me considero ageless. Sou psicóloga formada pela PUC-SP, com MBA em Gestão de Pessoas pela ESPM e certificação em negócios internacionais pela Thunderbird School of Management. Tenho mais de 20 anos de carreira em Recursos Humanos, tendo trabalhado em posições de liderança em grandes empresas nacionais e multinacionais, tais como: Natura, Sanofi, Grupo Oncoclínicas e atualmente sou diretora de RH da Vigor Alimentos.